A Borboleta no Casulo

A Borboleta no Casulo Um dia, uma pequena abertura apareceu em um casulo. Um homem sentou e observou a borboleta por várias horas, conforme ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco.

Então pareceu que ela havia parado de fazer qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que podia e não conseguia ir mais. Então, o homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. A borboleta então saiu facilmente, mas seu corpo estava murcho, era pequeno e tinha as asas amassadas.

O homem continuou a observar a borboleta porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e esticassem para serem capazes de suportar o corpo que iria se afirmar a tempo.

Nada aconteceu! Na verdade, a borboleta passou o resto da sua vida rastejando com um corpo murcho e as asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar não compreendia, era que o casulo apertado e o esforço necessário à borboleta para passar através da pequena abertura era o modo com que a natureza fazia para que o fluido do corpo da borboleta fosse para as suas asas, de modo que ela estaria pronta para voar uma vez que estivesse livre do casulo.

Nós, pais, às vezes fazemos isso com os nossos filhos. Queremos fazer pelos filhos e não com os filhos.

Todo ser humano passa em seu desenvolvimento pelo processo da dependência absoluta para a independência relativa. Quando o bebê está no útero da mãe ele é um ser totalmente dependente. Se separá-lo da mãe antes do tempo não sobreviverá. A partir do nascimento, com o rompimento do cordão umbilical, começa o processo da independência relativa.

O bebê não dependerá mais da mãe para respirar, mas sim para se alimentar e para os outros cuidados básicos.  À medida que esse bebê é cuidado ele vai crescendo e se desenvolvendo. Logo estará sentando, depois engatinhando, andando, correndo, enfim, chega o dia de ir para a escola e é aquela choradeira: crianças chorando dentro da escola, mães chorando fora…. E essa independência não tem fim, e as dúvidas também.

“Será que ele(a) não é muito novo para ir no passeio com a escola?”

“Será que ele(a) já pode ficar brincando sozinho no play?”

“Será que ele(a) já pode ir dormir fora, na casa do amiguinho?”

Será? Será? Será?

Sempre estaremos diante desses dilemas e não só quando são crianças.

Alguns conselhos podem ser úteis:

Converse com outros pais, ore pedindo sabedoria a Deus conforme Tiago 1:5, leia, pesquise, converse com seus filhos, conheça-os, saiba como é o dia dele. Quais seus medos, seus sonhos, suas experiências, caminhe com ele.

Não há uma regra fixa, porque as pessoas não são iguais. Observe. Dê pequenos desafios para ele ir se preparando para os maiores.

Porém cuidado porque a linha é muito tênue entre pais que promovem a independência dos filhos dos pais negligentes. Bom senso sempre e segurança em primeiro lugar.

Às vezes os pais inconscientemente não deixam seus filhos se tornarem mais independentes para não perderem a função de cuidadores. Ora, os filhos mudam porque crescem e os pais precisam acompanhar esse crescimento e mudarem também, tornando-se outros pais. Os filhos não precisarão para sempre dos cuidados básicos, mas sempre irão precisar de  um ombro amigo, um “colinho”, de palavras sábias…

Permitir que os filhos cresçam e alcem voos altos não significa perdê-los .

Grandes conflitos familiares acontecem porque os pais não cresceram. Alguns filhos crescem, mas os pais não, tratando-os de forma infantil. Às vezes os filhos não crescem porque os pais não permitem. Quem não conhece algum caso de um adulto que se comporta como o eterno adolescente? Não constituem família, não constroem patrimônio, não assumem responsabilidades, dependem da aposentadoria dos pais idosos…

Assim como as borboletas, nossas crianças precisam de liberdade para desenvolver sua autonomia e potencialidades respeitando cada etapa. Porém, o romper do casulo implica muitas vezes em certo desconforto para borboletas e espectadores. Como casulo, resta-nos ter sabedoria para permitir que a borboleta realize todos os esforços necessários. Como espectadores precisamos ter paciência para não romper o casulo pela borboleta.

Marcia Pereira Pedroza de Melo, Psicóloga Clínica e Orientadora Vocacional, membro da Igreja Batista de Água Branca.

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